USP - Universidade de São Paulo
Avenida Bandeirantes
Vila Monte Alegre - Ribeirão Preto
O Campus da USP em Ribeirão Preto guarda uma série de tesouros históricos que estão diretamente ligados a formação da cidade de Ribeirão Preto. Fundada há 140 anos, a cidade teve na agricultura cafeeira seu primeiro grande polo de desenvolvimento.
Em 1874 um fazendeiro plantador de café, criador de gado e comerciante de escravos, chamado João Franco, comprou terras para a formação da Fazenda Monte Alegre, cujo núcleo principal é o que hoje chamamos de Campus Universitário.
A primeira e grande residência erguida, a sede da Fazenda, é hoje o Museu Municipal da Cidade (dentro do Campus). A prosperidade do café era tanta que a Fazenda Monte Alegre foi o primeiro local da cidade - fica cerca de sete quilômetros do centro - a ter energia elétrica.
Em 1890, problemas de saúde, somados a perdas políticas, levou João Franco a vender suas terras e mudar de Ribeirão Preto. O comprador foi o imigrante alemão Francisco Schimidt, que chegou ao Brasil com os pais em 1858 (com 9 anos), vindo da aldeia de Ostoffer, onde se fala um dialeto ídiche, de origem judaica.
Depois de trabalhar na lavoura e no comércio de café, que era levado para Santos e de "secos e molhados", que trazia para o interior virou fazendeiro. Os recursos para sua ascensão como dono de terras, no entanto, não vieram do comércio. Já para se tornar proprietário da Monte Alegre, Schimidt realizou empréstimos da firma Theodor Wille, de Hamburgo, Alemanha.
Nos anos que se seguiram, os negócios de Schimidt progrediram enormemente, sempre escorados pelo capital alemão. No início do século, em 1913, o fazendeiro foi reconhecido como o maior produtor mundial de café, recebendo o título de "Rei do Café". A sofisticação da riqueza gerada pelas plantações deram a Ribeirão Preto - em particular à Fazenda Monte Alegre - o mesmo requinte e conforto que a Europa da época desfrutava.
Uma ferrovia particular circulava em algumas de suas fazendas e havia 14 mil colonos em 60 propriedades, com 14 milhões de pés de café produzindo, nos meados da década de 20, 700 mil sacas ao ano. O poder do "Coronel" Schimidt era tanto que ele chegou a ter uma moeda cunhada em alumínio, com o próprio nome. E seu dinheiro tinha plena circulação no comércio local.
Com a morte de Francisco Schimidt, aos 73 anos, em 1924, coube aos herdeiros liqüidarem seus débitos com a Theodor Wille, que ficou com boa parte dos bens. A Fazenda Monte Alegre foi preservada pelo filho Jacob. No final da mesma década a quebra da bolsa de Nova York tornou o café um péssimo negócio, tanto que nos anos 30 seria substituído pela cultura do algodão.
No final da década de 30, marcados pela era ditatorial de Getúlio Vargas, surgiram rumores de que a Monte Alegre seria desapropriada pelo Estado para fins educacionais. Contrariado Jacob vendeu a propriedade ao fazendeiro João Marquese, mas este nem sequer chegou a receber a escritura definitiva.
Em 1940, o Governo desapropria a Fazenda e em janeiro de 42 lança a pedra fundamental da "Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas" (EPA). A obra, como em Pirassununga e Jaboticabal, marcou o governo do interventor de São Paulo, Fernando Costa, preposto de Vargas. Costa queria desenvolver o campo formando técnicos. Considerava a EPA uma "etapa da reforma agrária brasileira", promovida por um Estado com "mão forte".
Embora a população brasileira vivesse em "estado de miséria", não faltaram recursos para a implantação da escola e para construção de prédios no estilo da Espanha fascista de Franco. Na EPA os alunos moravam em sistema de internato, com todo o conforto. Mas foram raros os que, depois de formados, quiseram abandonar o conforto da cidade para se dedicar ao campo.
No final dos anos 40, com as mudanças políticas e a redemocratização do país, os planos de Vargas foram esquecidos e a escola desativada. Em 1948 a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) foi criada (no papel) e acabou, no começo dos anos 50, conquistando as instalações da antiga EPA.
A aula inaugural aconteceu em maio de 1952 e a FMRP permaneceria sozinha nos 270 alqueires do Campus. Até os ano 60, quando emprestou instalações para surgimento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras - na época ainda um Instituto Isolado do Estado.
Nos anos 70, a Filosofia e as demais unidades - Escola de Enfermagem, Faculdade de Farmácia e Odontologia, que mais tarde (1973) seriam desmembradas em Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto e Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - foram incorporadas ao Campus. Com isto surgiu a necessidade de uma estrutura que aglutinasse os interesses comuns das unidades. Inícialmente chamou-se Coordenadoria do Campus e mais tarde Prefeitura do Campus Administrativo de Ribeirão Preto.
Foi também criado o Conselho do Campus (CORP), hoje formado por 16 membros: diretores de todas as unidades de ensino do Campus, um docente eleito de cada unidade, um representante dos funcionários, um representante dos alunos de graduação e outro dos alunos de pós-graduação, além do próprio prefeito do Campus, que é o presidente nato do Conselho.
Em 1993, surgiria a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-RP), uma extensão da Unidade de São Paulo que implantou em Ribeirão Preto os cursos que compõe seu nome.
Recemente o Campus que tinha 10 cursos de Graduação, Medicina, Enfermagem, Farmácia-Bioqímica, Odontologia, Química, Psicologia e Ciências Biológicas, Administração, Ciências Contábeis e Economia, ganhou mais um. O inédito curso de Física-Médica, aprovado este ano, 1999 e que começa a funcionar no próximo ano, 2000, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras. Este é um curso noturno, com 40 vagas. O número de vagas então passou para 600. Atendendo a solicitação da Pró-Reitoria de Graduação, o FEA-RP, aprovou o aumento de 4 vagas no seu curso de Administração, visando atender os 30% de vagas no curso noturno, exigido pelo nova LDB.